Por: Cesar Augusto em 11/06/2013
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O Papa
Francisco, apesar do pouco tempo de pontificado, tem surpreendido o mundo com
seu exemplo de simplicidade e com suas palavras, no mínimo desconcertantes,
para aqueles que se acostumaram com um modelo de Igreja extremamente
burocratizado, cheio de protocolos institucionais e distante da simplicidade
dos pequenos. Antes tarde do que nunca! Acredito sinceramente que as grandes
mudanças estruturais que esperamos talvez não aconteçam agora, mas pelo menos
percebemos despontar aqui e acolá uma nova mentalidade, uma nova maneira de
ser Igreja, aos moldes do espírito franciscano, o que já é extremamente
significativo.
Uma
dessas pérolas ditas pelo sumo pontífice foi a seguinte: “A Igreja precisa ser Mãe
e não uma simples Igreja babá, que nina a criança para dormir. Essa última é
uma Igreja dormente. Pensemos em nosso Batismo, na responsabilidade do nosso
Batismo." A Igreja precisa levar muito
a sério essa constatação! Infelizmente, o que percebemos é que os cristãos
leigos e leigas, apesar de todos os avanços na legitimação de sua vocação e
missão dentro das estruturas eclesiais e sociais, ainda padecem pelo medo,
pela timidez e apatia, fruto de um grave desconhecimento de sua identidade e
protagonismo. É hora de agir!! Vivemos ainda sob uma espécie de penumbra, à
sombra de nossos párocos e bispos, estaticamente à espera de suas próximas
decisões e tarefas, sem nos dar conta das incontáveis possibilidades
inerentes ao nosso campo de ação nesse mundo. “Quem sabe faz a hora, não
espera acontecer”, já diz oportunamente Geraldo Vandré. Afinal de contas,
somos meras ovelhas ou protagonistas nessa grande seara do Senhor??
Interessante
observar o galinheiro!! Quem já teve contato com um deles, sabe o que vou
falar. Uma das formas de saber quando uma galinha põe algum ovo é o seu canto
imponente e rumoroso. Ela canta para avisar às demais a grande novidade que
acaba de acontecer. Trazendo para a nossa reflexão, quem só permanece em
berço esplêndido, em silêncio, esperando que a Igreja “babá” faça o resto,
nunca conseguirá ser sujeito de sua história e o que é pior, estará
cristalizando ainda mais as velhas e carcomidas estruturas clericalizadas que
precisam ser extintas na Igreja.
Uma
Igreja Mãe é aquela que gera filhos e filhas perfeitamente capazes de
alcançar a sua maturidade na fé, que respeita e incentiva os diferentes
ministérios e potencialidades dos cristãos leigos e leigas e, acima de tudo,
que descentraliza as suas ações e decisões, favorecendo as pequenas
comunidades. Modelos impositivos e punitivos de ser Igreja, herdados de
outras épocas, devem dar lugar ao que o Concílio Ecumênico Vaticano II tanto
salientou em seus documentos: UMA
IGREJA DE COMUNHÃO E PARTICIPAÇÃO.
O leigo
não só pertence a Igreja, ELE É IGREJA. Esse é o momento de resgatar a
eclesiologia fundamental, aquela que nos irmana e nos faz, independente de
cargos e títulos eclesiais, parceiros e parceiras na construção do Reino de
Deus.
Obs.: Enviado por Eduardo José da Silva, Teólogo.
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