Mensagem
Alguns podem
estar se perguntando o que eu estou fazendo aqui, já estou em greve. De uma
coisa eu garanto, não sou fiscal, qualquer semelhança é mera coincidência.
Independente
do que acredito, esta escola é minha segunda casa. Gosto de estar aqui e me
preocupo com o bom andamento dela. Sem contar que estou em greve por acreditar
que não precisamos querer somente migalhas que às vezes tendem a cair sobre a
educação; estou em greve por gostar de estar em sala compartilhando o que sei
com meus alunos e ver neles a possibilidade de um futuro melhor; estou em greve
por acreditar mesmo sendo poucas as conquistas, todos só tem a ganhar com os
resultados; estou em greve por acreditar que a educação ainda tem jeito e se
amo essa profissão não posso me acomodar
diante de tamanho descaso com os profissionais da educação. Sei também,
que a revolta que me consome, por nem todos que podem estarem de greve, não me
dá o direito de respeitá-las nos direitos de calarem e de aceitarem a situação.
A vida é feita
de escolhas, e há quase vinte anos, iniciei minha trajetória de professora.
Aqui gostaria de realizar meus sonhos, conquistar minha aposentadoria com
dignidade e dizer de cabeça erguida que sou professora por convicção. Por mais
que desde cedo aprendi que o amor é a maior arma, a vida me ensinou que só
de amor ninguém vive e que o mantimento
deste sentimento é a dignidade.
É por querer
continuar na educação, que estou em greve, senão era mais fácil partir para
outra, buscar um novo emprego e não pensem que isto é algo utópico, todos nós
aqui temos condições para assumirmos uma nova profissão, sem sermos culpados
pelo fracasso dos que não valorizam o nosso trabalho e dedicação. Problema é
ter que dizer adeus a esta família Aurélio (escola estadual) que nos preenche,
nos emociona, da qual tenho tanto orgulho de fazer parte. Não estou aqui sendo
falsa quando digo que formamos uma grande equipe, que temos condições de
superar as barreiras e construir educação de qualidade. Confesso que não estou
orgulhosa por estarmos divididos, diria até que estou bastante decepcionada, porem
como formadora de opinião tenho aceitar e respeitar a decisão de todos.
Sei que muitos
aqui têm mais a perder que eu, todavia estou em greve por acreditar que se
somando não contribuo, não é subtraindo que vou ajudar não é mesmo?
Desculpe- me,
mas é que gostaria que soubessem dos meus motivos.
Nova
Brasilândia D’ Oeste, 7 junho de 2013.
Autora:
Professora da ESCOLA E. E. M AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA
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